Essa semana rolou um encontro da Komuta, comunidade do Instituto Amuta, em parceria com a novi e com o Alex Bretas. O encontro partiu do texto da Nora Bateson que traduzimos aqui, e foi um convite para aprofundar, ampliar e incorporar a lente das relações para o fenômeno de aprendizagem partindo do olhar de “simatesia” proposto pela autora.
Compartilhar nesse texto com os aprendizados do encontro surge do nosso desejo de incluir na conversa, mesmo os que não conseguiram estar presentes e, também, para nos ajudar a identificar as novas camadas que acessamos a cada oportunidade de diálogo sobre os temas que propomos na nossa comunidade.
Meus principais aprendizados:
Compartilho então os principais aprendizados que se revelaram nas conversas que tivemos ao longo do encontro a partir do meu olhar:
Nosso aprendizado é reflexo do nosso contexto. Isso significa que o que iremos aprender, como iremos nos comportar, quais habilidades vamos desenvolver e até mesmo quem iremos ser, é fortemente influenciado pela cultura e pela nossa rede de relações.
“O mesmo tipo de árvore na mesma floresta não cresce necessariamente para ter a mesma forma”. Nora Bateson
Esse entendimento da influência do contexto explicita o reducionismo de olhar para o fenômeno da aprendizagem tendo como foco apenas o indivíduo e me remete a uma citação de outro texto da Nora.
“A ideia de mudar comportamentos é reducionista e desconsidera que relacionamentos geram maneiras de ser e comunicar. Comportamento não é isolado” Nora Bateson
Isso porque o processo de aprendizagem revela o constante movimento de adaptações e calibragens que fazemos o tempo todo partindo das necessidades que emergem nos nossos contextos, nas nossas relações. Nosso instinto de aprendizagem passa pela necessidade de se preservar e sobreviver da melhor maneira possível dentro do nosso contexto. Essa lógica contesta a noção de aprendizado como “progressão” e “melhoria constante” e propõe um olhar do aprendizado que é “mais adequado” e “produz o melhor encaixe”.
Esse olhar proposto coloca o aprendizado em um lugar que é não só cognitivo, mas também afetivo. E eu gosto de pensar no afeto também como verbo - afeto vem de afetar, é aquilo que me atravessa, por me atravessar me move. O que me afeta me transforma. Quanto mais produzimos afetos intencionais nas nossas relações, mais nos tornamos capazes de potencializar o aprendizado que ocorre a partir do contexto.
É importante entender que esse olhar para a aprendizagem como um fenômeno contextual não exclui o indivíduo, o cognitivo e o intencional, e sim o integra. O aprendizado intencional ganha força quando inclui o contexto, e o aprendizado a partir do contexto ganha força quando refletimos sobre ele. Inclusive quando somos capazes de perceber a influência do contexto, somos capazes de intencionalmente fazer movimentos capazes de modificá-lo.
E você? Quais os seus aprendizados a partir dessa conversa?
Referências para ir além:
No nosso encontro também surgiram algumas indicações para continuar explorando o tema:
Bandura e a teoria social cognitiva (conrado)
Charles S. Peirce - "Experiência Colateral" com o Objeto. É uma visão complementar às perspectivas semióticas mais europeias. Esse conceito descreve bem a importância da memória para que uma mente interpretadora qualquer signifique um Objeto. Comece daqui. (via joarantes)
Falando de contexto e interação, esse texto do Ravi da Target Teal conecta alguns pontos com um olhar das estruturas por trás do contexto. (via thiago freire)
Essa conversa me lembrou esse texto sobre aprendizado, cérebro e memória do Robert Epstein (alex)
Para acessar a planilha de colheita coletiva produzida no encontro vem aqui.
Comments