Como a CNV nos ajuda a construir observações isentas de avaliações
Uma parte importante da nossa conexão com as pessoas à nossa volta é a linguagem.
A capacidade de transmitir pensamentos, de compartilhar conhecimentos, de conhecer e se identificar com o outro está bastante relacionada à linguagem.
Seja ela verbal, escrita, corporal, visual ou emocional.
A linguagem nos ajuda a relacionar com o que nos cerca.
E também nos ajuda a construir nossos próprios conhecimentos e aprendizados, pois é com ela que compreendemos e a processamos o mundo.
“A palavra é metade de quem pronuncia e metade de quem escuta.” — Michel de Montaigne
Não podemos perder de vista que aquilo que queremos comunicar passa pela linguagem de quem pronuncia e pela linguagem de quem escuta.
E a capacidade de compreensão do mundo está relacionada às nossas experiências, que influenciam diretamente a forma como absorvemos as informações que chegam até nós.
Partimos sempre da nossa perspectiva pessoal para acolher a mensagem que chega.
Podemos dizer que a qualidade das nossas relações depende da qualidade da linguagem que estamos utilizando.
Por isso é muito importante que a pessoa que comunica seus pensamentos, sentimentos e intenções tenha clareza sobre os vícios de linguagem que podem acabar levando aquela relação ou situação para um lugar diferente do desejado.
Mas como podemos cuidar da qualidade de linguagem que trazemos ao mundo?
A Comunicação Não Violenta (CNV) oferece uma forma de comunicação que entrega alta qualidade de linguagem verbal.
Uma das questões que a CNV pontua é que muitas vezes trazemos em nossa fala observações carregadas de avaliações.
Por isso, o primeiro componente que a CNV propõe é que se separe observação de avaliação. Quando combinamos observações com avaliações, os outros tendem a receber isso como crítica e resistir ao que dizemos.
1. É comum confundirmos previsão com certeza:
Se você não fizer refeições balanceadas, sua saúde ficará prejudicada. [com avaliação associada] Se você não fizer refeições balanceadas, temo que sua saúde fique prejudicada. [isenta de avaliação]
2. Generalizar: não ser específico a respeito das pessoas a quem se refere.
Os estrangeiros não cuidam da própria casa. [com avaliação associada]
Não vi aquela família estrangeira da outra rua limpar a calçada.
[isenta de avaliação]
3. Usar o verbo ser sem indicar que a pessoa que avalia aceita a responsabilidade pela avaliação.
Você é generoso demais. [com avaliação associada]
Quando vejo você dar para os outros todo o dinheiro do almoço, acho que está sendo generoso demais.
[isenta de avaliação]
4. Usar verbos de conotação avaliatória.
João vive deixando as coisas para depois. [com avaliação associada] João só estuda na véspera das provas.
[isenta de avaliação]
A CNV é uma linguagem dinâmica que desestimula generalizações estáticas e, por isso, as observações devem ser feitas de modo específico, para um tempo e um contexto determinado.
Podem parecer mudanças pequenas, mas essa forma de pensar, processar e interagir pode mudar de maneira profunda a forma como nos conectamos com nós mesmos, com os outros e com o mundo.
Experimente!!
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