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  • Foto do escritorMarcelle Xavier

As 6 conversas para criação de comunidades

Conversas que criam confiança, auto responsabilidade e conexão. Tradução e adaptação livre baseada no livro Community do autor Peter Block


"A estratégia para um futuro alternativo é focar em maneiras de mudar o contexto, construir relacionamento e criar espaço para uma possibilidade mais intencional.
Essa estratégia dá forma à ideia de que, se você pode mudar o contexto e a relação nesta sala, você mudou o contexto e a relação no mundo, pelo menos neste momento.
A maneira como mudamos a sala é mudando a conversa. Não para qualquer nova conversa, mas para uma que crie responsabilidade e comprometimento comuns. Essa nova conversa quase sempre é iniciada na forma de uma pergunta.” Peter Block


As conversas tradicionais que procuram explicar, estudar, analisar, definir ferramentas e expressar o desejo de mudar os outros são formas de querer manter o controle. Se as aderirmos, elas se tornarão uma limitação para o futuro, não um caminho. Conselho precisa ser substituído por curiosidade.


As conversas que evocam auto responsabilidade e compromisso podem ser produzidas da melhor maneira decidindo valorizar as perguntas mais do que as respostas, Perguntas abrem a porta para o futuro e são mais poderosas do que as respostas, pois exigem engajamento. E engajamento é o que cria responsabilidade.


Perguntas poderosas são aquelas que fazem com que você se torne um ator assim que as responde ou mesmo reflete sobre elas. Elas nos fornecem os meios para iniciar uma comunidade onde a responsabilidade e o compromisso estão enraizados.


Elas são a chave para entender os meios e a arquitetura para reunir pessoas de uma forma que construa relacionamento, o que por sua vez cria comunidades nas quais os cidadãos escolherão responsabilidade e compromisso.


O autor Peter Block propõe 6 perguntas que ajudam a construir comunidades com pertencimento e accountability.


1. Convite


Pergunta: Qual a escolha que você fez ao estar aqui e que você ganha ao participar desse projeto?


O convite é o meio pelo qual a hospitalidade é criada. Um convite poderoso tem seis elementos: nomear a possibilidade sobre a qual estamos convocando, ser claro sobre quem convidamos, enfatizar a liberdade de escolha em comparecer, especificar o que é exigido de cada um caso deseje comparecer, fazer um pedido claro e tornar o convite o mais pessoal possível.


O mais importante é que o convite é um pedido não apenas para aparecer, mas para se envolver. "Queremos que você venha, mas se vier, algo será exigido de você."


2. Possibilidade


Pergunta: O que queremos criar juntos que pode fazer diferença no mundo, e que sozinhos não poderíamos criar?


A possibilidade ocorre através de uma declaração que por si só já inicia uma transformação. Para isso precisamos adiar a resolução de problemas e permanecer focados na possibilidade até que ela tenha ressonância e paixão.


Possibilidade NÃO é visão, objetivos, previsão e otimismo. Possibilidade não é sobre o que planejamos que aconteça ou o que pensamos que acontecerá ou se as coisas vão melhorar. Metas, previsões e otimismo não criam nada; eles apenas podem tornar as coisas um pouco melhores e nos animar no processo. Nem a possibilidade é simplesmente um sonho. Sonhar nos deixa espectadores ou observadores de nossas vidas.


A possibilidade cria algo novo. É uma declaração de um futuro que tem a qualidade e a vivacidade do que escolhemos viver.


3. Domínio


Pergunta: Olhando para toda a sua vida e seus demais projetos, quanto você se sente investido nesse projeto, quão participativo pretende ser, quanto você se sente preocupado com o todo e qual a sua disponibilidade?


Nos sentimos responsáveis quando reconhecemos que participamos na criação das condições que desejamos ver alteradas. Se não tivermos essa capacidade de nos vermos como causa, nossos esforços se tornarão coercitivos ou dependerão da transformação dos outros. A comunidade será criada no momento em que decidirmos agir como criadores do que ela pode se tornar.


A mentalidade padrão é que outra pessoa é dona da sala, da reunião e do propósito que a convocou. O líder precisa então encontrar uma maneira de usar essa conversa para confrontar as pessoas com sua liberdade e renegociar o contrato social. Queremos mudar para a crença de que este mundo, incluindo este encontro, é nosso para construirmos juntos.


4. Dissidência


Pergunta: Quais são as suas dúvidas e reservas? Para o que você disse “sim” que você não quer dizer mais? O que você precisa para dizer SIM e estar confortável nessa relação?


Criar espaço para discordâncias é como mostramos respeito pelo outro e valorizamos a diversidade. Não há como estar desperto e se preocupar com um propósito, um lugar ou um projeto sem ter sérias dúvidas e reservas. Sem dúvida, nossa fé não tem sentido,


Isso parece simples e verdadeiro, mas em um mundo patriarcal, a dissidência é considerada deslealdade. Ou negativismo. Ou não ser um jogador de equipe. Ou não ser um bom cidadão. Mas é no momento em que as pessoas experimentam sua capacidade de expressar dúvidas, e não perder seu lugar no círculo, passam a aderir como cidadãos de pleno direito.


A tarefa crítica da liderança é proteger o espaço para a expressão das dúvidas das pessoas sem achar que precisa responder ou se defender. Tudo o que temos a fazer com as dúvidas dos outros é nos interessar por elas. Não temos que enfrentá-los ou deixá-los ressoar com nossas próprias dúvidas. Nós apenas ficamos interessados.


A dissidência se torna compromisso e responsabilidade quando nos interessamos por ela sem ter que consertar, explicar ou responder


5. Comprometimento


Pergunta: Quais promessas você está disposto a fazer e quão consciente você está do risco para o grupo caso você não as cumpra?


Comprometimento é a disposição de fazer uma promessa independente da aprovação ou reciprocidade de outras pessoas.


Precisamos criar espaço para que as pessoas possam escolher com o que querem se comprometer. Sempre que alguém diz que vai se esforçar, pensar a respeito ou fazer o melhor que puder, é inteligente considerar essa afirmação um não. Pode não ser uma recusa final, mas naquele momento não há compromisso. Esforçar-se é apenas uma recusa codificada.


O compromisso sincero é uma promessa aos colegas (e não aos líderes) sobre nossa contribuição para o sucesso do todo. Está centrado em duas questões: “Que promessa estou disposto a fazer?” e "Qual é o preço que estou disposto a pagar pelo sucesso de todo o esforço?"


As promessas são sagradas. Eles são os meios pelos quais escolhemos a responsabilidade. Tornamo-nos responsáveis no momento em que tornamos nossas promessas públicas.


6. Presentes

Pergunta: Quais presentes recebemos um dos outros nesse trabalho juntos? Qual presente você traz para o grupo que talvez a gente ainda não saiba?


Ganhamos mais força quando nos concentramos nos presentes que trazemos do que nas falhas das pessoas e no que está faltando. Em vez de problematizar pessoas e trabalho, a conversa que busca nossos dons traz a maior mudança e resultados.


Frequentemente, por terem sido tão condicionadas pela cultura retributiva, as pessoas desejam feedback negativo. Isso é feito teoricamente em nome do aprendizado e do crescimento. Não compre essa história.


Eu não sou o que não sou capaz de fazer. Eu sou o que sou capaz de fazer - meus dons e capacidades. Quando olhamos para as deficiências, nós as fortalecemos.


Precisamos trazer para o centro o que as pessoas trazem de bom, e abrir espaço constantemente pare reconhecer os presentes que ganhamos uns dos outros.




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