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  • Foto do escritorMarina Galvão

Honrar o tempo do lúdico é uma forma de preencher o mundano com o mágico





Ludicidade é um termo que tem origem na palavra latina “ludus”, que significa jogo ou brincar.

Por isso, quando pensamos no lúdico é comum pensarmos em jogos, brincadeiras, faz de conta e imaginação.


Mas o lúdico vai muito além disso. E é curioso, porque não temos nenhuma outra palavra que consiga englobar todos os significados que envolvem a ludicidade.


O lúdico remete ao mundo sensível, mágico, ao que toca o coração de forma espontânea, intuitiva, e que permite às experiências alcançar uma “dimensão diferente”.


Com o tempo, o lúdico passou a ser reconhecido como traço essencial de psicofisiologia do comportamento humano.


O LÚDICO É COMO UMA FLECHA AFETIVA


Tanto para acessar uma informação ou um contexto, quanto para expressar um pensamento ou sentimento, a comunicação lúdica estimula a espontaneidade e a criatividade.

De acordo com Pereira e Souza, o lúdico é uma linguagem importante e expressiva que possibilita conhecimento de si, do outro, da cultura e do mundo, sendo um espaço genuíno de aprendizagens significativas. É como se a linguagem lúdica encontrasse atalhos para alcançar os nossos centros emocionais e consequentemente, a sabedoria do coração.



Pesquisas da neurocardiologia revelaram que o coração tem seu próprio sistema nervoso chamado “cérebro do coração”, conectado aos centros cognitivos do cérebro. Desde o final de 1800 a ciência reconhece que as informações transmitidas a partir dos centros emocionais (coração), para os centros cognitivos (cérebro) são mais fortes e mais numerosas do que as enviadas do cérebro para o coração.


Logo, os sinais que o coração envia para os centros cerebrais afetam a tomada de decisões, resolução de problemas, criatividade, autorregulação, habilidade de focar, tempo de reação e coordenação, memória de curto e longo prazo. Ao experimentar emoções regeneradas como coragem, apreciação, ternura, nosso nível de cortisol reduz, e nossa fisiologia fica mais coerente. [Fonte: HeartMath Institute]


O LÚDICO E AS RELAÇÕES


Incluir a ludicidade em nossas relações é algo que nos ajuda a desconstruir as nossas “defesas e resistências" e a alcançar maior vulnerabilidade e espontaneidade.


Quando pensamos na construção de comunidades, o lúdico é um componente essencial para desenhar experiências e rituais entre os membros. Já que apoia no fortalecimento das conexões, o reconhecimento e a integração.


Podemos inclusive reconhecer que o lúdico como um instrumento metodológico que viabiliza experiências significativas através do relacionamento com os outros e promove o desenvolvimento cognitivo, motor, social e afetivo.


EXPERIENCIAS LÚDICAS


Desde as experiências lúdicas mais simples - jogos e brincadeiras - até as mais complexas - criações e intervenções artísticas - todas elas têm o potencial de gerar um alto nível de engajamento e aprendizagem.

Esse tipo de experiência permite que sejamos “efetivos” - ou seja, alcancemos resultados desejados - e, ao mesmo tempo, sensíveis, leves, flexíveis, pois abre espaço para o “lúdico da natureza humana”.


Para Cláudio Thebas brincar é sério o suficiente para não querer a interrupção, e lúdico um tanto para saber que vai dar errado e vai fazer de novo e de novo e de novo.


O LÚDICO E A APRENDIZAGEM


Uma pitada de ludicidade pode ser utilizada como forma de potencializar a aprendizagem.


Kishimoto afirma que por meio do lúdico o aluno desperta o desejo de saber, a vontade de participar e a alegria da conquista.

Desde que somos crianças temos contato com o lúdico em nossos processos de aprendizagem. É essa ludicidade que nos apoia na construção de curiosidade, interesse e satisfação com o que estamos aprendendo.


Mas não deveríamos restringir a sua importância à infância! Seja para introduzir, reforçar ou construir conteúdos e entendimentos, o lúdico pode potencializar os aprendizados também na vida adulta. Já que o aprendiz adulto aprende exponencialmente quando vive experiências de aprendizado.

A LUDICIDADE, O PRAZER E O PENSAMENTO


De acordo com o artigo A importância do Lúdico no processo de Aprendizagem, o lúdico é considerado prazeroso, devido a sua capacidade de absorver o indivíduo de forma intensa e total, criando um clima de entusiasmo. É este aspecto de envolvimento emocional que o torna uma atividade com forte teor motivacional, capaz de gerar um estado de vibração e euforia.


Em virtude desta atmosfera de prazer dentro da qual se desenrola, a ludicidade é portadora de um interesse intrínseco, canalizando as energias no sentido de um esforço total para consecução de seu objetivo. As situações lúdicas mobilizam esquemas mentais. Sendo uma atividade física e mental, a ludicidade aciona e ativa as funções psico-neurológicas e as operações mentais, estimulando o pensamento.


O LÚDICO E O AMBIENTE DE TRABALHO


Ao considerar as mudanças aceleradas que vivemos, em especial no ambiente de trabalho, a ludicidade só tem a contribuir.


A utilização de brincadeiras, jogos, arte, e experiências sensíveis ajuda a “quebrar” a resistência à mudança, e facilita o processo de socialização, comunicação, expressão e construção do pensamento.


As experiências lúdicas oferecem um espaço que exercita a nossa resiliência e flexibilidade. Promovem um ambiente mais saudável e menos estressante, além de cultivar a imaginação e consequente curiosidade.


The creative adult is the child who survived. - Ursula K. Le Guin

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