Todos nós sentimos medo, ele é parte do nosso dia a dia, e são tantos os medos que nos rodeiam que fica até fácil trazer exemplos: O medo de passar vergonha, o medo de se ferir - física e emocionalmente-, o medo do julgamento, o medo de perder - pessoas e bens materiais-, o medo de não ser aceito, etc...
O medo nos leva a buscar proteção daquilo que desconhecemos e que, consequentemente, passamos a temer.
O medo do desconhecido, do futuro, do que podemos perder, nos leva a construir um apego irracional com aquilo que nos cerca ( mesmo que seja algo que não nos agrada).
Em comunidades existe o medo de ficar de fora, de oferecer opiniões e pensamentos "inadequados" e acabar isolado.
Nossas relações pessoais - com pais, professores, amigos - também não são exceção: muitas vezes são construídas e conduzidas com base no medo e não no amor.
Em nossa relação deturpada com o medo ( temos tanto “medo de sentir medo” ) passamos a criar mecanismos para evitá-lo.
SEGURANÇA COMO TENTATIVA DE EVITAR O MEDO
Os sistemas de alarme, os contratos, o seguro do carro, da casa, de saúde, de viagem, tem o objetivo de endereçar o medo e nos fazer sentir seguros.
Grande parte das nossas instituições e relações são construídas com base nesse sistema de prevenção ao medo e, apesar deste sistema reduzir o risco, muitas vezes, não reduz o medo, pois não reduz a camada do que é desconhecido para nós.
O PARADOXO DO MEDO: QUANTO MAIOR A PROTEÇÃO, MAIOR O DESCONHECIDO Quanto mais tentamos criar barreiras entre nós e o desconhecido, mais limitamos aquilo que conhecemos - e que consideramos seguro - e, consequentemente, mais desconhecido existirá, e mais motivo para sentir medo teremos. O excesso de segurança invade as nossas decisões pessoais, as nossas relações com o outro e acredite se quiser, aumenta o nosso medo! MEDO COMO FORMA DE CONTROLE O medo muitas vezes é utilizado como forma de controlar as pessoas, e podemos ver isso em toda a parte. Diversos governos e religiões governam pelo medo: as sanções, prisões, o inferno e o purgatório, moldam comportamentos e atitudes e convertem desobediência em obediência. E, infelizmente, levamos isso para as nossas relações e comunidades, replicando esse padrão. É comum usarmos o medo de uma pessoa ou de um grupo para manipular ou controlar sua atitude. Alguns exemplos comuns que trabalham com medo implícitos: - se você for neste evento, eu não sei se vou querer continuar nesse relacionamento! - acho que está com trajes inadequados, você vai passar vergonha se for assim! - quem sair mais cedo, não será convidado a participar do próximo encontro! MEDO COMO MECANISMO DE PROTEÇÃO O medo de ser rejeitado ou desprezado muitas vezes norteia nossos comportamentos, limitando a expressão das nossas emoções. Existe um certo “medo subentendido” e socialmente construído, de que posso ser punido se expressar o que eu sinto. Deixamos de compartilhar para nos proteger, mas na realidade estamos nos aprisionando. Conseguir rir de si mesmo e reduzir o nosso apego à necessidade de “estar certo”, podem ser mecanismos muito poderosos para libertar nossas emoções dessa prisão (que se disfarça de proteção). MEDO COMO PARTE DO PROCESSO Uma forma de começar a mudar a nossa relação com o medo é aceitar e integrá-lo como parte do processo. Muito provavelmente, ao tomar uma decisão ou assumir uma posição, a confusão, a insegurança e o medo serão parte desse caminho muito antes de resultar na mudança que você deseja. O MEDO PERGUNTA: QUAL O MEU DESEJO? Mesmo que tenhamos medo de incomodar ou de não ser aceitos, nós precisamos assumir posições que estejam de acordo com o que acreditamos e sentimos, pois só assim conseguiremos alcançar coerência e verdade em nossas relações e comunidades. Caso contrário, nossas relações se tornam monótonas, inexpressivas, sem autenticidade e perdem a vitalidade. E, individualmente, nós vamos perdendo nossa liberdade de ser. O medo é parte integral do caminho para a liberdade, pois a liberdade se esconde na incerteza e no desconhecido.
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