Uma estrutura para compreensão do engajamento em comunidades
O caminho dos círculos (ou anéis internos como sugere o autor Charles Vogl) é o caminho de crescimento em uma comunidade a partir do engajamento das participantes. Em cada novo nível as pessoas ganham benefícios relacionados a sua maturidade no grupo, como acesso, conhecimento, autoridade ou respeito.
A jornada para círculos mais internos reflete o crescimento da preocupação com os outros membros e com a comunidade como um todo. Por isso, é natural que algumas pessoas prefiram permanecer em um círculo mais externo. Muitas vezes, quando as pessoas acabam de entrar em uma comunidade não querem assumir responsabilidades - só querem se divertir e ter novas experiências, e, mesmo aquelas que já estiveram em círculos mais internos podem em algum momento querer usufruir sem precisar se preocupar em contribuir.
Um erro muito comum no trabalho com comunidades é esperar das pessoas mais do que elas estão dispostas a dar, e achar que o trabalho será mais fácil quanto mais as pessoas tiverem espaço para colaborar - sendo que quanto mais pessoas colaborando, mais complexas se tornam as relações.
O objetivo não é que todas as pessoas adentrem o círculo mais interno, pois todos os níveis de engajamento são fundamentais para que a comunidade seja saudável. Membros passivos têm um papel importante, afinal, sem eles estaremos criando experiências e conteúdos para quem?
A fluidez do envolvimento dos membros
É possível observar que alguns membros ativos por muitos anos em algum momento, se tornam inativos porque suas vidas mudaram e sua disponibilidade para a comunidade também.
É possível que após anos afastados, membros inativos sintam que de repente a comunidade voltou a se alinhar com seus interesses e sua vida, e então voltem a se tornar ativos. É possível que membros que sempre foram passivos, de repente se tornem ativos.
Uma comunidade com um bom nível de engajamento é feita por membros se movimentando para dentro e para fora dos círculos ao longo do tempo. Tudo o que podemos fazer é garantir que as pessoas se sintam convidadas quando estiverem prontas.
Ao invés de investir a energia para que todas as pessoas se tornem cada vez mais ativas, podemos focar nossa energia em:
Regra de Pareto, normalmente 20% das pessoas será responsável por criar e sustentar a energia da comunidade, então você precisa garantir que essas pessoas se sintam vistas e valorizadas.
Apoiar e facilitar que as pessoas dos círculos intermediários encontrem meios de participar e tragam seus dons para a comunidade, criando um núcleo saudável e estável, a partir do qual o grupo pode crescer
Manter o círculo externo informado, certificando-se que elas se sintam atraídas e se beneficiando de fazer parte.
Permita que os membros escolham seu nível de engajamento
Membros passivos, às vezes, se sentem culpados por não fazer o “suficiente”. Como podemos fazê-los participar da comunidade sem culpa? Dizendo a eles que ser um membro passivo não é um erro, mas uma escolha de participação aceita (e bem vinda).
Para explicitar e validar essa escolha, é possível formalizar os diferentes círculos:
Cada pessoa escolhe o seu nível de comprometimento e com o que consegue se comprometer agora,
Cada círculo vem com um conjunto diferente de expectativas, direitos e compromissos.
E, o mais importante, há fluidez - as pessoas podem mudar seus níveis de engajamento à medida que se alinham com suas vidas.
A estratégia de zoneamento foi criada pelo Alan Webb (Open Masters) e é utilizada para ajudar na compreensão do nível de envolvimento das pessoas envolvidas.
zona 1 - se responsabiliza por coordenar e fazer as entregas.
zona 2 - se envolvem diretamente na comunidade executando as atividades.
zona 3 - têm algum papel, mas tem envolvimento pontual e sem grandes responsabilidades - estão aqui para se desenvolver e aprender
zona 4 - querem se manter informadas, mas não se comprometem em se envolver diretamente.
“Membros no Sabático” - desejam permanecer na comunidade, mas estão temporariamente indisponíveis
Então, lembre-se:
Participação desigual é natural
A participação das pessoas continuará a mudar ao longo do tempo
Como gestoras de comunidades, nos concentramos nas pessoas que desejam se envolver e não desperdiçamos energia tentando persuadir as pessoas a comparecer
Podemos tornar explícitos os diferentes níveis de envolvimento e permitir que as pessoas escolham o papel certo para si mesmas
Post baseado em artigo de Fabian Pfortmuller no Medium, livro The Art of Community (Charles Vogl) e The Business of Belonging (David Spinks)
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